Você entra no quarto na ponta dos pés, sem fazer um chiado, para verificar se seu filho está dormindo e, mesmo você sendo mais solenciosa que o criado mudo, acaba acordando o bebê. Pois é, tem criança que acorda com qualquer coisa mesmo. Mas isso tem explicação. E, melhor, pode ser resolvido.
Antes de tudo, é bom lembrar que, quando muito novinho - até os três meses de idade - o bebê acorda de instante em instante para mamar. Ele está em fase de crescimento e também, como o seu estômago ainda é pequenininho, não consegue armazenar muito leite. Aí, paciência, tem que amamentar sempre que ele solicitar.
Mas, depois disso, ainda assim a criança pode apresentar um sono muito leve. Segundo pesquisas na área infantil, alguns bebês já nascem com uma certa predisposição a ter um sono mais leve. E isso por conta da genética ou temperamento ou algo que tenha acontecido enquanto estava dentro da barriga. A pesquisa é do Centro Médico da Universidade de Rochester (Inglaterra), que concluiu que os bebês cujas mães sofreram depressão ou ficaram muito ansiosas durante a gestação têm uma tendência até duas vezes maior de ter problemas com o sono.
Também é verdade que existem alguns hábitos que podem atrapalhar o sono da criança. Os adultos têm cinco fazes de sono. Mas os bebês têm duas: a ativa e a quieta. Elas se repetem a cada hora - eles ficam despertando. Depois de três meses, as mamadas começam a se espaçar e o bebê começa a produzir um hormônio que faz seu organismo diferenciar o dia da noite. Mas é preciso a ajuda dos pais nesse processo, para ditar o ritmo do sono e acertar os ponteiros da criança.
Alguns fatores são naturalmente prejudiciais ao sono e não há muito o que você possa fazer. Exemplos? Nascimento do dentinho, dor, gripe, viagens, retirada da chupeta, e até outros fatores quando ele estiver mais crescidinho, como a chegada de um irmão ou mudança na escola. Tudo o que mexe com o emocional da criança.
Agora vamos à parte que nos cabe, ou seja, o que nós, mães (e pais) podemos fazer para ajudar no soninho do filhote e, por tabela, no nosso também. Evite estimular muito o bebê próximo à hora de dormir. Vá desacelerando, desde o tom de voz às atitudes para com ele. Reduza a iluminação do ambiente e abaixe o som da televisão ou do som, se estiverem ligados, e procure atividades calmas, como ler uma historinha.
Mantenha uma rotina. Já falamos sobre isso, a importância de dar uma rotina para o bebê, por mais novinho que ele seja. Isso também vai ajudá-lo a ter um sono mais regulado. E não adianta querer mantê-lo acordado por mais tempo para ele dormir mais depois. Respeite a horinha de sono de seu filho. Até porque quando ele passa da hora certa de dormir – que pode variar entre 19h e 22h – ele vai ficar mais irritadinho porque o organismo produz o hormônio cortisol, que deixa a criança agitada. Então, começou a bocejar ou a coçar os olhinhos, nada de pular, jogar para o alto e cantar músicas agitadas. Você pensa que ele vai achar legal, mas isso é chato. É hora de dormir.
E, na boa, ficar entrando no quarto, mesmo que na ponta dos pés, para ver se ele está dormindo é querer ficar acordada também junto com ele. Não se recomenda acudir a criança a cada resmungo. Eles resmungam mesmo, e isso não quer dizer "Mamãe, preciso de você". Se ele chorar, aí sim está te chamando. Mas ainda assim evite tirá-lo do berço, para ele não pensar que pode sempre ter a sua companhia no meio da noite. No livro "Nana, Nenê: Como Resolver o Problema da Insônia do Seu Filho", de Sylvia De Bejar, aconselha-se conversar com a criança e ir embora com ela ainda acordada. Nunca consegui fazer isso, e também não consigo deixá-lo chorando, como diz o livro. Mas o importante é pelo menos não ficar ninando sempre que ele chorar. Tirá-lo do berço pode despertá-lo de vez.
E deixe seu filho entender o que é dia e o que é noite. Nos cochilos do dia, quarto iluminado e o barulho normal da casa. À noite, aí sim é hora de fazer silêncio. Até porque toda a casa - e isso inclui você - precisa do sono dos justos.
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