segunda-feira, 29 de julho de 2013

O medo e a cobrança



Se, ao receber a notícia de que vem por aí um novo membro da família, o pai se preocupa com o emprego, com o quanto precisa trabalhar para pagar as contas e se vai conseguir sustentar mais um integrante da casa, a mãe tem um receio mais básico: se o filho virá com saúde, se ele virá todo bem formadinho. Fato. Já me peguei chorando com esse medo e, desde a notícia do "exame positivo", minhas orações noturnas ficaram ainda mais frequentes. 

Aí quando se fala em "medo", isso envolve um monte de atitudes que você naturalmente passa a adotar. Eu sempre fui afoita, e sou daquelas que, quando percebe uma briga ou algo diferente no meio da multidão, pega o celular e vai para o meio da bronca gravar, tirar foto e até entrevistar os caras. Meu marido sempre criticou isso, com razão, porque muitas vezes não tenho noção do perigo mesmo. Gosto da adrenalina, gosto de pegar uma boa história para divulgar. Mas percebi o quanto uma gravidez muda completamente sua cabeça quando, no carnaval - eu tinha uns três meses de gestação - estávamos com uma turma na rua e, quando vimos um tumulto perto da gente, as pessoas correndo... a primeira coisa que fiz foi, em pânico, procurar um lugar para me proteger. Quando o pessoal me procurou, eu já estava praticamente embaixo de uma mesa, antes mesmo de saber se era briga ou não. 

A partir daí entendi o quanto eu já era mãe, ou pelo menos já tinha esse sentimento de querer proteger o bebezinho que se forma aqui dentro. Até ele nascer, depende exclusivamente de você. Você percebe que colocar a mão rapidamente próximo à barriga quando algo bruscamente se aproxima, tipo o braço de alguém ou uma cadeira num bar, é um reflexo natural de proteção. 

Mas além do medo, tem a cobrança. Sua mesmo. Isso pode não acontecer no início da gravidez, já que sua cabeça está mais voltada para as transformações de seu corpo, os enjôos, as novidades, enfim. Mas há pouco tempo - agora, na véspera de ter o menino - com tudo já prontinho só esperando pela grande hora, eu me peguei chorando. Meu marido pensou que fosse algo grave, e eu desabafei "Será que vou ser uma boa mãe? Que vou conseguir tomar as decisões certas? Que vou saber dar os melhores valores a ele? Será que ele vai sofrer na vida? Ou vai ser um menino bom? Vai ser feliz?". Muita pergunta para um pai também de primeira viagem. E que, certamente nem pensou em tudo isso. Sim, isso é papel de mãe. É sentimento de grávida. Uma preocupação pertinente, mas ninguém tem as respostas. Ele me abraçou, achou graça e disse "Claro que vai ser uma boa mãe". Mas fiquei angustiada. Deve ser normal. Está chegando a hora e você começa a perceber que vai deixar de brincar de casinha com seu marido (no melhor sentido da frase, lógico) para começar uma família. Educar um filho. E isso é fácil na cabeça de uma nova mãe? Lógico que não. Mas funciona com todo mundo, não funciona? Deixa as coisas acontecem e vamos vivendo um dia de cada vez. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário