Não há como negar que é estranha a ideia se ter alguém dentro de você. Ele ja começa mexendo com tudo, com sua rotina, seus gostos, seu astral, sua energia. Mas engana-se quem pensa que, junto com aquele feto ainda em formação, surge um amor avassalador. Ninguém se envolve tão rápido. Por mais que você tenha planejado o bebê e por mais que se emocione ao escutar as batidas do coração, não se culpe por não estar totalmente envolvido com aquele filho.
Eu estava com nove semanas de gravidez quando o pai do bebê comprou um livro sobre como cuidar do sono da criança. Ele já estava para lá de envolvido, mas eu sequer havia pego no livro. Não estava lendo nada a respeito e também não havia me programado para comprar nem o berço. Sim, pode ser medo de me envolver demais enquanto ainda há risco de um aborto espontâneo. Minha cabeça ainda estava na gravidez em si e não no bebê. Eu estava lendo muito mais sobre as mudanças no corpo, os enjôos, o que pode e o que não pode fazer. A ficha ainda não havia caído. Entendi e aceitei a condição de gestante, mas ainda não sabia bem se estava entendendo que iria ser mãe. Ainda não conseguia dizer que amava a criatura que está dentro de mim, apesar de a querer muito. Mas acho que o amor é uma construção. Amor é envolvimento, aos poucos, no mexer, no toque, na voz, no olhar.
Todas as mães dizem que o filho é sua razão de viver. Mas esse amor é construído a cada dia. É tudo muito estranho, tudo muito novo. Ninguém pode se sentir culpado por não sentir o maior amor do mundo por quem ainda mal chegou em sua vida... Se você está no comecinho da gestação, vale a pena saber disso, saber que "Não, não ache que vai amar seu filho só porque sabe que ele está aí dentro". Hoje eu estou no finalzinho da gravidez. E hoje sinto uma necessidade enorme de protege-lo. É amor. Amor mesmo. Mas sei que isso só vai se intensificar mais tarde. Por enquanto, é tudo muito novo. Envolva-se com as mudanças em seu corpo. O resto vem aos poucos, mais tarde.
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