terça-feira, 30 de julho de 2013

As ultrasonografias e as noites em claro



Quando fomos fazer a primeira ultrasom, acordamos bem cedinho para sermos os primeiros. Ja tinha um monte de gente na clínica. "Não tem preferencial para gestante?", brincou meu marido, vendo que todas as outras mulheres na clínica estavam igualmente grávidas. Duas, três horas na sala de espera que pareciam uma eternidade. Que ansiedade para alguém comprovar que eu estava mesmo grávida. Que, sim, tem um bebê aqui dentro e, principalmente, que está tudo certinho...

"Sarah". Opa, me chamaram. Meu marido também jurou ter escutado. Enfim, não era. Depois, novamente uma voz lá longe: "Sarah". Eu me levantei novamente, procurei as atendentes "Chamaram por mim?!". Elas disseram que não. Na terceira vez eu só acreditei quando escutamos o meu nome completo. "Está bem, é a gente!".

Na sala, aquela luz baixa, o barulhinho quase imperceptível do ar condicionado. A médica começou a examinar... Acredite, quando você é mãe de primeira viagem, o que mais importa não é se você quer menino ou menina. De verdade, você acaba se pegando rezando - ou qualquer coisa dentro de sua religião - para seu filho estar, antes de tudo, com saúde. Pude sentir meu corpo mais relaxado quando a médica falou "Está tudo direitinho". Mostrou a placenta, o embrião... E de repente "tuc tuc tuc tuc". "Isso é o coraçãozinho??", perguntei. Ela respondeu que sim e, na mesma hora, senti as lágrimas descerem.

Depois disso você já não vê a hora de fazer a próxima. Isso porque, se você descobriu cedo a gravidez, a primeira ultrasonografia é quase uma decepção. Você não vê bebê algum. No máximo, entende que aquela bolinha mostrada pelo médico é seu filho. Mas os demais exames não são nada fáceis. Os próximos são os chamados de Translucência Nucal e Morfológico. 

A ultrasom de Translucência se faz entre a 11a e 13a semana gestacional. Geralmente é abdominal, mas se a medida não for possível, pode ser necessária a ultrasonografia transvaginal. É realizada para saber se o bebê tem alguma alteração cromossômica ou má formação, ou ainda alguma síndrome genética, como a de Down. Se houver um acúmulo excessivo de líquido na região da nuca do feto, esse risco é alto. Já a morfológica serve para verificar as possíveis anomalias congênitas, uma das principais causas de morbimortalidade perinatal. Neste exame verificam-se as deformações do sistema nervoso central.

Ou seja, as vésperas dos exames podem significar noites em claro para a futura mamãe. Foi o meu caso. Tem ultra amanhã? Pronto, uma madrugada inteira sem dormir. Eu estava com 22 semanas de gestação e faria o exame morfológico. Não preguei o olho. Todos os medos passaram em minha cabeça e eu só fazia rezar para que tudo desse certo. Cochilei às cinco e meia da manhã e acordei às seis e meia. O dia seria agitado. Uma manhã no consultório e à tarde no trabalho, até às nove da noite. Mas nada disso mais importou quando a médica disse "Está tudo bem com ele". Cada perninha medida, cada órgão encontrado, meu coração batia aliviado. 

À noite, dormi o sono dos justos, depois de ter passado alguns minutos ainda na cama assistindo à ultrasonografia que foi gravada. Detalhe: dá vontade de ter uma máquina dessa em casa para ver o seu bebê o tempo inteiro. Sei que vou querer que ele seja um super filho, um super "bom de garfo", um super menino esperto, um super aluno, um super atleta. Mas por enquanto, a notícia de que ele é somente "normal" basta completamente. Saber que está saudável e todo direitinho é impagável. 

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