quarta-feira, 31 de julho de 2013

Desejo ou capricho de grávida? Que seja!



Essa foto aí é a exibição de minha extravagância, chamada "desejo de grávida", que me acometeu hoje. Até então - e olha que esse "até então" significa quase os nove meses de gravidez - eu disse que não havia sentido desejos. Ainda não sei se o que houve hoje pode-se chamar de desejo de grávida, mas eram quatro e meia da tarde quando, depois de resolver umas coisas na zona sul da cidade, me deu uma vontade gigante de tomar sorvete. Específico, ta? Sorvete de chocolate, com granulado, marshmallow, calda e canudinho de biscoito. 

"Onde tem uma danada de uma sorveteria pelas bandas de cá?". Até achei uma, aliás duas. Bem legais. Mas de sorvete normal, sem self service. Serve não. Eu poderia ter ido para casa. Ja havia passado tempo demais no trânsito, estou com mais de 38 semanas e as contrações estão brabas. Mas ou eu tomava o sorvete ou o menino nasceria com cara de... Isso é velho, né? Rodei. Acessei a internet, telefonei para algumas sorveterias. Tem uma em Casa Forte, zona norte. Já eram cinco e meia. Pense num trânsito! "Eu poderia ir para casa". Usei o aplicativo do celular para evitar ao máximo o engarrafamento. E às seis e alguma coisa da noite eu estava na sorveteria. Chocolate, com granulado, marshmallow, calda e canudinho de biscoito. Nem estava esse balaio todo, mas valeu a pena. Foi isso e um remedinho para amenizar as contrações. Agora, sim, posso ir para casa. 

Desejos, sim. Daqueles que fazem a mulher acordar o marido no meio da noite para ir comprar amora, porque ela preciiiiiiiisa de amora naquele momento. É covardia com o marido, não? Mas ou é isso ou o menino nasce com cara de amora (quem sabe!). Brincadeiras à parte, a culpa dos desejos pode ser dos hormônios prolactina e progesterona. Eles são os maiores responsáveis pela alteração do apetite e a mudança do ph da boca, o que acaba levando a gestante a comer alimentos que antes não gostava ou nem querer mais ouvir falar nas suas até então comidas preferidas. 

Há especialistas que ainda atribuem essas vontades às carências nutricionais, que levam o cérebro da gestante a partirem em busca de alimentos com os nutrientes que possam estar em falta no organismo da mulher e que o bebê ali dentro pode estar precisando para seu desenvolvimento. Brilhante a natureza, não é mesmo? É daí que vem, por exemplo, a loucura de querer comer tijolo ou bitucas de cigarros. Achou engraçado? Pode rir, mas acontece mesmo. E isso estaria ligado a uma possível carência de ferro.

Mas nada disso é totalmente comprovado. A grávida não deve se acomodar, achando que pode sair por aí comendo o que quiser porque "está com desejo". É importante manter uma alimentação saudável durante o período gestacional e fazer sempre os exames recomendados pelo médico para identificar alguma carência de proteína ou vitamina. Sim, e comer os alimentos certos para isso, e não bituca de cigarro.

Está certo, o sorvete de hoje pode ter sido apenas um capricho. E isso também faz parte da gravidez. A mulher se sente mais sensível e precisa desses mimos, ainda que feitos por ela mesma. O tal do "acordar o marido no meio da noite" também pode ser só uma carência, dizem os especialistas. Mas meu desejo inconsequente de hoje foi delicioso.

Agora outro problema: vai chover de gente dizendo "Como é que essa menina está dirigindo duas horas no trânsito, com mais de 38 semanas por causa de um sorvete?!". Tudo bem, faz parte da exposição a qual estou me propondo. Mas todo mundo que já engravidou, e já teve esses desejos, sabe do que estou falando. Faz parte sim. Pelo menos com cara de sorvete ele já não nasce.

terça-feira, 30 de julho de 2013

As ultrasonografias e as noites em claro



Quando fomos fazer a primeira ultrasom, acordamos bem cedinho para sermos os primeiros. Ja tinha um monte de gente na clínica. "Não tem preferencial para gestante?", brincou meu marido, vendo que todas as outras mulheres na clínica estavam igualmente grávidas. Duas, três horas na sala de espera que pareciam uma eternidade. Que ansiedade para alguém comprovar que eu estava mesmo grávida. Que, sim, tem um bebê aqui dentro e, principalmente, que está tudo certinho...

"Sarah". Opa, me chamaram. Meu marido também jurou ter escutado. Enfim, não era. Depois, novamente uma voz lá longe: "Sarah". Eu me levantei novamente, procurei as atendentes "Chamaram por mim?!". Elas disseram que não. Na terceira vez eu só acreditei quando escutamos o meu nome completo. "Está bem, é a gente!".

Na sala, aquela luz baixa, o barulhinho quase imperceptível do ar condicionado. A médica começou a examinar... Acredite, quando você é mãe de primeira viagem, o que mais importa não é se você quer menino ou menina. De verdade, você acaba se pegando rezando - ou qualquer coisa dentro de sua religião - para seu filho estar, antes de tudo, com saúde. Pude sentir meu corpo mais relaxado quando a médica falou "Está tudo direitinho". Mostrou a placenta, o embrião... E de repente "tuc tuc tuc tuc". "Isso é o coraçãozinho??", perguntei. Ela respondeu que sim e, na mesma hora, senti as lágrimas descerem.

Depois disso você já não vê a hora de fazer a próxima. Isso porque, se você descobriu cedo a gravidez, a primeira ultrasonografia é quase uma decepção. Você não vê bebê algum. No máximo, entende que aquela bolinha mostrada pelo médico é seu filho. Mas os demais exames não são nada fáceis. Os próximos são os chamados de Translucência Nucal e Morfológico. 

A ultrasom de Translucência se faz entre a 11a e 13a semana gestacional. Geralmente é abdominal, mas se a medida não for possível, pode ser necessária a ultrasonografia transvaginal. É realizada para saber se o bebê tem alguma alteração cromossômica ou má formação, ou ainda alguma síndrome genética, como a de Down. Se houver um acúmulo excessivo de líquido na região da nuca do feto, esse risco é alto. Já a morfológica serve para verificar as possíveis anomalias congênitas, uma das principais causas de morbimortalidade perinatal. Neste exame verificam-se as deformações do sistema nervoso central.

Ou seja, as vésperas dos exames podem significar noites em claro para a futura mamãe. Foi o meu caso. Tem ultra amanhã? Pronto, uma madrugada inteira sem dormir. Eu estava com 22 semanas de gestação e faria o exame morfológico. Não preguei o olho. Todos os medos passaram em minha cabeça e eu só fazia rezar para que tudo desse certo. Cochilei às cinco e meia da manhã e acordei às seis e meia. O dia seria agitado. Uma manhã no consultório e à tarde no trabalho, até às nove da noite. Mas nada disso mais importou quando a médica disse "Está tudo bem com ele". Cada perninha medida, cada órgão encontrado, meu coração batia aliviado. 

À noite, dormi o sono dos justos, depois de ter passado alguns minutos ainda na cama assistindo à ultrasonografia que foi gravada. Detalhe: dá vontade de ter uma máquina dessa em casa para ver o seu bebê o tempo inteiro. Sei que vou querer que ele seja um super filho, um super "bom de garfo", um super menino esperto, um super aluno, um super atleta. Mas por enquanto, a notícia de que ele é somente "normal" basta completamente. Saber que está saudável e todo direitinho é impagável. 

segunda-feira, 29 de julho de 2013

O medo e a cobrança



Se, ao receber a notícia de que vem por aí um novo membro da família, o pai se preocupa com o emprego, com o quanto precisa trabalhar para pagar as contas e se vai conseguir sustentar mais um integrante da casa, a mãe tem um receio mais básico: se o filho virá com saúde, se ele virá todo bem formadinho. Fato. Já me peguei chorando com esse medo e, desde a notícia do "exame positivo", minhas orações noturnas ficaram ainda mais frequentes. 

Aí quando se fala em "medo", isso envolve um monte de atitudes que você naturalmente passa a adotar. Eu sempre fui afoita, e sou daquelas que, quando percebe uma briga ou algo diferente no meio da multidão, pega o celular e vai para o meio da bronca gravar, tirar foto e até entrevistar os caras. Meu marido sempre criticou isso, com razão, porque muitas vezes não tenho noção do perigo mesmo. Gosto da adrenalina, gosto de pegar uma boa história para divulgar. Mas percebi o quanto uma gravidez muda completamente sua cabeça quando, no carnaval - eu tinha uns três meses de gestação - estávamos com uma turma na rua e, quando vimos um tumulto perto da gente, as pessoas correndo... a primeira coisa que fiz foi, em pânico, procurar um lugar para me proteger. Quando o pessoal me procurou, eu já estava praticamente embaixo de uma mesa, antes mesmo de saber se era briga ou não. 

A partir daí entendi o quanto eu já era mãe, ou pelo menos já tinha esse sentimento de querer proteger o bebezinho que se forma aqui dentro. Até ele nascer, depende exclusivamente de você. Você percebe que colocar a mão rapidamente próximo à barriga quando algo bruscamente se aproxima, tipo o braço de alguém ou uma cadeira num bar, é um reflexo natural de proteção. 

Mas além do medo, tem a cobrança. Sua mesmo. Isso pode não acontecer no início da gravidez, já que sua cabeça está mais voltada para as transformações de seu corpo, os enjôos, as novidades, enfim. Mas há pouco tempo - agora, na véspera de ter o menino - com tudo já prontinho só esperando pela grande hora, eu me peguei chorando. Meu marido pensou que fosse algo grave, e eu desabafei "Será que vou ser uma boa mãe? Que vou conseguir tomar as decisões certas? Que vou saber dar os melhores valores a ele? Será que ele vai sofrer na vida? Ou vai ser um menino bom? Vai ser feliz?". Muita pergunta para um pai também de primeira viagem. E que, certamente nem pensou em tudo isso. Sim, isso é papel de mãe. É sentimento de grávida. Uma preocupação pertinente, mas ninguém tem as respostas. Ele me abraçou, achou graça e disse "Claro que vai ser uma boa mãe". Mas fiquei angustiada. Deve ser normal. Está chegando a hora e você começa a perceber que vai deixar de brincar de casinha com seu marido (no melhor sentido da frase, lógico) para começar uma família. Educar um filho. E isso é fácil na cabeça de uma nova mãe? Lógico que não. Mas funciona com todo mundo, não funciona? Deixa as coisas acontecem e vamos vivendo um dia de cada vez. 

domingo, 28 de julho de 2013

Adquira seu diploma de mãe



Toda informação a respeito de como cuidar de um bebê, de amamentar, de educar, toda ela é válida. Mas com um certo filtro. Isso porque todo mundo que é mãe tem seus conselhos e eles são os mais diversos. Com você não vai ser diferente. Você vai ter mãe, sogra, tia, avó, amiga, gente de todo lado lhe dando as recomendações que você precisa seguir. E não adianta contrariar, essas pessoas terão a certeza de que sabem o que estão dizendo e vão querer te convencer de que, se você não seguir tais conselhos, vai dar tudo errado.

Difícil é você convencer esse povo todo que os bebê são diferentes, que as circunstâncias são diferentes e até as criações são diferentes. Mas as informações ajudam, sim. As experiência dos amigos também valem. Escute. Leia. Leia tudo o que puder. Eu li dois livros ("Nana, nenê", de Eduard Estivill e Sylvia de Béjar, e "Os segredos de uma encantadora de bebês", de Tracy Hogg). Eu já havia lido os dois quando uma amiga disse que um dia estava em um consultório médico com seu bebê e uma outra mãe comentou que o filho dela dormia a noite inteira. "Como assim?", questionou minha amiga, com aquelas olheiras que toda mãe tem nos primeiros dias de vida do bebê. Ela disse que havia lido o "Nana, nenê", havia seguido as dicas e todos os problemas haviam terminado. Minha amiga enlouqueceu de felicidade, pegou todos os dados sobre o livro, chegou em casa dizendo ao marido que precisavam comprá-lo com urgência. O resultado foi entender que, sim, cada caso é um caso e não existe uma receita milagrosa. Com aquela outra mãe pode ter funcionado, mas o que se aplica a um filho não necessariamente dará certo com outro.

Eu li os danados dos livros e, confesso, você os termina aliviada, pensando "pronto, agora é só esperar o bebê chegar. Já entendi tudo, vou aplicar exatamente o que o livro diz e não vai ter erro". Tudo bem, não é ruim pensar isso. Até porque esse pensamento vai te trazer segurança e isso - aí sim, pode acreditar - é a chave do negócio. 
No Recife existem algumas opções de cursos. Eu fiz um do Uniame, da Unimed (é baratinho e não precisa ter o plano de saúde para fazê-lo). Você é capaz de jurar que um curso não vai acrescentar muita coisa, principalmente se você tem uma irmã ou uma amiga muito próxima que teve filho recentemente. Você acha que sabe como amamentar, como dar banho, quando introduzir as comidinhas às refeições dele, enfim. Mas esse curso me acrescentou muito. Entendi detalhes, a exemplo de como o bebê deve pegar no peito, porque ele deve mamar nos dois peitos e porque deve mamar em cada um até o fim. Quais os cuidados com a limpeza do umbigo até ele cair por completo, quantos banhos deve-se dar ao bebê e quais os exames que ele precisa fazer nos primeiros meses. Não sabia, por exemplo, que o estresse é capaz de bloquear uma substância importante para a produção do leite e, por isso, é imprescindível estar calma e serena na hora da amamentação. 

Engraçado foi ter recebido, no final, o certificado do curso. Pronto, agora estou apta a ser mãe, pensei. Brincadeiras à parte, uma coisa é válida: não leve tudo ao pé da letra. Não há regra. Repito: não há regra! Os cursos dirão que se você já comprou alguma chupeta, pode jogá-la no lixo. Os livros te convencerão de que o bebê precisa ficar no berço, mesmo chorando, mas terá que aprender a dormir sozinho, sem você por perto. Isso é o ideal. E tudo tem sua explicação justa. Mas, no final das contas, é a sua experiência que vai contar. É no seu dia a dia que você vai ver o que funciona ou não. Só não entre em pânico. Não experimente todas as receitas que lhe derem. Filtre as informações.

Se posso dar aqui um conselho real, lá vai: o importante é ter calma, segurança. Se todas as informações, com livros e cursos, te deixam segura, isso é o que vale. De todas as regras, a única que talvez valha para todas as crianças é a importância de se passar calma e segurança ao filho. Se ele chora desesperadamente e você não sabe se é fome, cólica, calor ou sono, mas ainda assim transmite calma e paciência, pode acreditar que vai ser mais fácil. 

Mas tudo isso, por enquanto, também é teoria para mim. Ainda não passei pela experiência para dizer com propriedade. Mas vou compartilhar aqui quando isso acontecer. Estou pronta para seguir todas as regras que li e aprendi nos cursos e com as experiências dos amigos. Mas também estou pronta para criar as minhas. Para ver, na prática, o que é válido ou não. Preferi não colocar o berço no meu quarto e não pretendo usar as chupetas nem leite em pó como complemento. Mas sei que, na real, as coisas nem sempre saem como planejamos. E até mesmo para isso devemos estar prontos. 

sábado, 27 de julho de 2013

Será que é agora?



Nesta madrugada passamos por um sufoco. Eu tenho tido umas contrações mais dolorosas durante à noite, mas desta vez foi demais. Acordei às três da manhã com a barriga completamente inchada e uma dor que não me deixou sequer mudar de posição. Esperei passar antes de acordar meu marido. Passou não. Pedi para ele pegar um remédio indicado pelo médico para esses casos. As contrações não paravam e ele chegou a dizer "Acho que chegou a hora. Vamos para o hospital". Será? Ai, meu Deus, vai ser agora? E a barriga não parava de doer. "Calma", eu falei "Vamos sentar um pouco no sofá para ver de passa". 

Chega um momento em que é difícil mesmo distinguir as contrações chamadas de "treinamento" das verdadeiras. E chega um momento (lógico, isso varia de grávida para grávida) que o final da gravidez fica muito desconfortável. Apesar daquela ansiedade e felicidade por estar pertinho da hora de conhecer seu filho, tudo isso vem junto com azia, dor nas costas, cansaço, pés inchados e contrações mais intensas. 

Na noite de ontem, sentados no sofá, já de roupa trocada, prontos para irmos ao hospital, eu e meu marido ficamos na expectativa de ver pararem as contrações. Elas foram amenizando e meu útero relaxou. Pronto, foi hoje não. Acho que o menino vai esperar um pouco mais para nascer. De qualquer maneira, agora já são mais de 37 semanas. Ele está a "termo", ou seja, maduro para nascer. Mas é estranho. Você não sabe como vai ser, se a bolsa vai estourar antes, se vai sentir dor até chegar em trabalho de parto. E o marido fica lá, coitado, sem ter muito o que fazer a não ser ficar a postos para te levar.

O importante, quando se está pertinho da hora do parto, é estar com as malinhas prontas. A sua, a do bebê e - se for o caso - a bolsa das coisinhas que você quer levar, como lembrancinhas da maternidade, bebidas, quadrinho da porta, enfim. Mas eu vou detalhar isso melhor em outra postagem. É tanta coisa para se lembrar que isso precisa estar pronto mesmo. Porque na hora das contrações fortes, que você não sabe se espera ou se vai para o hospital, a única coisa na qual você precisa se concentrar é na sua saúde e na do seu bebê.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Enjoar de objetos. Pode?



Quando uma amiga minha disse que enjoou de maquiagem, achei que ela estava se referindo ao cheiro. Mas ela foi além "Eu não podia ver aquelas sombras todas coloridas que me dava ânsia de vômito". Depois, uma tia falou que chegou a enjoar de suas bijuterias. Verdade. Nem só de gosto e de cheiro que uma gestante enjoa. Muitas vezes, um objeto que a faça lembrar de tal situação traumática seja o suficiente para uma nova sensação ruim. Eu achei engraçado até sentir o mesmo por um tupperware que estava há três dias na pia e eu resistir para lavá-lo. Ele me lembrava um risoto de funghi que estava lá e sempre que eu olhava o danado do pote eu me sentia enjoada. Esse risoto foi feito pelo meu marido e era indescritivelmente gostoso (olha ele na foto aí em cima). Fez em um jantar para amigos e, dias depois (já grávida) senti um desejo incontrolável de comer novamente aquele prato. Bastou. Nunca mais quis ouvir falar nele. Tem mulheres que vão além e chegam a enjoar do marido. Do perfume do marido e do desodorante ainda vai, mas enjoar do pai do bebê? Tive isso não...

Mas é estranho mesmo. Desde o terceiro mês de gestação eu não tenho mais sentido enjoo algum, mas bastar ir a um restaurante e ler no cardápio a palavra "funghi" que me embrulha o estômago. É quando entendo que é possível sim enjoar e até passar mal com um objeto qualquer sem cheiro nem gosto. É a lembrança a qual ele nos remete.

Dizem que ajuda muito não exagerar nos desejos de grávida. Se quer muito comer alguma coisa, vai com calma e come moderadamente. Se devorar aquela comida pode ser que nunca mais faça as pazes com ela. Acho que vou ficar brigada com o funghi para sempre. Mas pelo menos não é leite nem pão. Viver sem o risoto vai ser tranquilo. Sim, e tente não forçar a barra estando junto de seu marido se o cheiro do perfume dele te deixa mal. Enjoar do pai do seu filho pode ser um pouco mais complicado do que não querer o funghi. E, pode apostar, ele não vai entender isso. Lembre-se que somente você sabe o que está passando.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Contração de treinamento



Sim, isso existe. E tem nome oficial: contrações de Braxton Hicks. É normal começar a sentir essas leves dores a partir da vigésima semana de gestação. São chamadas de contrações de treinamento porque são como um treino do organismo para o momento do parto. É interessante, né? O negócio é que pouca gente sabe disso. Eu conversei com várias amigas grávidas ou que já são mães e a maioria disse "Tive isso não". Não mesmo? Você nunca sentiu sua barriga muito dura, às vezes até deformada, e achou que era o bebê forçando uma posição desconfortável para você? Confunda não. Isso não é o bebê. É seu útero treinando para as contrações do parto. 

Isso, no entanto, não representa o início do trabalho de parto, mas é preciso ficar atenta para saber quando é necessário ir ao hospital. Peça orientação de seu médico. O que escrevo aqui é apenas um compartilhamento de minhas experiências. É necessária essa orientação médica. Mas como informação, é bom saber que as contrações, diferentemente de sentir o bebê mexer, são dores no baixo ventre, como se fosse uma cólica menstrual mais forte que o normal. Elas podem acontecer três ou quatro vezes ao dia. Pode-se sentir ainda uma dor leve como uma pontada próximo à vagina ou no fundo das costas, lembrando uma crise renal. Tem como confundir não. A barriga fica muito dura durante a contração (olha a foto aí em cima), e isso dura cerca de um minuto cada vez.

Há uma certa frequência normal de se sentirem essas dores, que vão aumentando com o avanço do tempo gestacional. Mas as contrações seguidas - quando acontecem, por exemplo, a cada 20 minutos, depois a cada 15 minutos e assim vai diminuindo o tempo entre uma e outra - podem ser perigosas, porque podem induzir um parto prematuro. São o caso das contrações verdadeiras e, para identificar, as diferenças são as seguintes: elas acontecem de forma rítmica e regular, a intensidade é progressivamente maior, o tempo de intervalo entre as contrações é sempre menor e elas não diminuem com repouso. Então, se sentir muita contração, sugiro que começe a marcar o tempo de intervalo delas. 

A recomendação é repousar, mas se não passar, não deixe de procurar seu médico, principalmente se houver perda de líquido ou sangue ou se as dores forem muito intensas. 

Eu também não sabia que, desde o sexto mês, estava sentindo contrações. Achei que era o bebê. Eu ainda encostava a mão e dizia, choramingando: "Filho, assim não... Volte para o seu cantinho. Assim dói em mamãe...". Coitado. Eu estava conversando com meu útero. E esse é que não iria me obedecer mesmo!

Fica a dica. Comece a observar seu corpo e todas as dores que sente. E, lógico, contato com seu médico! Sempre.

terça-feira, 23 de julho de 2013

"Prefere menino ou menina?"



É normal ouvir essa pergunta quando se está grávida. E, como toda boa mãe de bons costumes, a resposta é "vindo com saúde, tanto faz". Está certo, chega um momento em que a gente se envolve tanto que o que mais importa mesmo é que o bebê esteja com saúde. 

Mas não precisamos ser hipócritas. Todos têm sua preferência, ainda que mude de opinião durante a gestação. A minha era de uma menina. Sim, meu universo sempre foi feminino, com irmãs meninas, quase todas as primas meninas, minhas sobrinhas - até a chegada recente do meu sobrinho, Renato - eram meninas. Eu me sentia totalmente segura em criar uma menina. Saberia das suas necessidades, seus problemas de adolescente, suas lágrimas pelos namoradinhos. Saberia como falar sobre sexualidade e como entendê-la. E também tem a vaidade de querer colocar lacinho na cabeça, vestidinho de brilhos, sapato combinando, rendas, bonecas, enfim. 

Na segunda ultrasonografia, ainda com 13 semanas, a médica arriscou "Não comprem nada ainda, mas tudo indica que é uma menina!". Para mim e para o pai do bebê, era como se fosse certeza. Menina! Vai se chamar Marina. A fantasia já estava toda formada na minha cabeça. O quartinho? Só faltava pagar. Tudo escolhido. Um mês depois, um novo exame e - "opa, estou vendo uma pitoca". Uma pitoca?! Sim, era um menino! O pai comemorava quase gritando. A médica animadíssima, dizia o quanto era bom ser mãe de menino! E os dois falavam, e comemoravam, e falavam, e ali na tela, o menino, a pitoca... E eu só chorava. Não sei bem se de susto ou de medo. Mas chorava. E saí de lá chorando. Preciso confessar que a sensação foi de terem tirado de mim a minha menina. 

Se você nunca engravidou, não tente entender isso que estou dizendo. É estranho, eu sei. Mas passei alguns dias com um aperto no coração por terem levado embora de mim a minha Marina. Doeu. Mas depois começou a doer mais quando eu percebi que parecia rejeitar o meu menino! Como explicar a ele que não era isso? Não era que eu não o quisesse, era apenas uma sensação de ter perdido uma filha... Era tarde, eu já estava me sentindo completamente culpada por passar aquela tristeza para meu filho. E a partir dali começou um amor indescritível por ele. Comecei a desejá-lo mais que tudo. Me senti totalmente intimada a cuidar dele. A dar o maior carinho do mundo. 

É quando você começa a entender que, sim, é normal ter preferências, mas há um momento que o que importa é ter saúde. É seu filho, independente do sexo. É sua cria, o amor da sua vida, a pessoinha mais indefesa do mundo e que precisa totalmente de você. Menino ou menina? Que venha com saúde. 

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Cada semana, uma transformação


"Grávida? Que lindo. Quando tempo?". A pessoa quer saber quantos meses e a futura mamãe sai com essa: "vinte e seis semanas". Rapidamente, vem à cabeça de quem perguntou a tentativa de fazer um cálculo rápido. Ela não consegue e termina com um sorriso amarelo "Hum, que legal".

Aprender a contar em semanas é a melhor maneira de saber de fato quanto tempo se tem de gestação e outros detalhes que vão aparecendo. É chato, mas acaba acostumando. Para aquelas mamães que curtem acompanhar tudo, vale a dica de se cadastrar em um desses websites de gestantes. Eu me cadastrei no Guia do bebê. É gratuito, e a gente recebe por email, todas as semanas, a evolução do bebê no útero da mãe. E é uma delicia saber que "Nesta semana há um crescimento rápido. O embrião pode chegar a 13mm e pode pesar 0,8g". Ainda há informações sobre os órgãos que estão se formando e o que é perceptível à ultrassonografia. Quem curte o passo a passo vai gostar de saber quando o coração bate a 144 batimentos por minuto e já faz circular sangue pelo corpo. E as dicas e orientações também vão para as mamães, tipo "Esta semana você pode sentir os seios mais sensíveis" ou "É normal começar a sentir algumas dores leves na barriga. É seu útero de expandindo". É bom, é interessante e é informativo.

Eu solicitei receber esses e-mails aos sábados. Aí eu acordo e é a primeira coisa que faço: acessar meu e-mail para ler as mudanças da semana. Um dia acordei e li que o bebê já pode identificar sons. E que é nessa hora que posso colocar umas musiquinhas para ele ir identificando. Ele certamente já gostará da música quando nascer. "Que lindo!", pensei. Acordei meu marido e contei a ele. Achei que ele fosse dizer "Legal" e voltar a dormir. Mas, todo animado, me puxou para perto e cantou encostadinho na minha barriga "Cazá, Cazá, Cazá, Cazá, Cazá. A turma é mesmo boa...!" (Hino do Sport, time para qual torce). Enfim. É pai.

Mas, mesmo percebendo que agora o seu mundo gira em torno daquele pequeno ser, o mundo das outras pessoas, não. Portanto, se alguém perguntar "quanto tempo" de gravidez, se esse alguém não for uma mãe ou um médico, faça você as contas rapidamente e responda em meses. Você entende em semanas. Ou outros, não.

sábado, 20 de julho de 2013

O amor é uma construção



Não há como negar que é estranha a ideia se ter alguém dentro de você. Ele ja começa mexendo com tudo, com sua rotina, seus gostos, seu astral, sua energia. Mas engana-se quem pensa que, junto com aquele feto ainda em formação, surge um amor avassalador. Ninguém se envolve tão rápido. Por mais que você tenha planejado o bebê e por mais que se emocione ao escutar as batidas do coração, não se culpe por não estar totalmente envolvido com aquele filho. 

Eu estava com nove semanas de gravidez quando o pai do bebê comprou um livro sobre como cuidar do sono da criança. Ele já estava para lá de envolvido, mas eu sequer havia pego no livro. Não estava lendo nada a respeito e também não havia me programado para comprar nem o berço. Sim, pode ser medo de me envolver demais enquanto ainda há risco de um aborto espontâneo. Minha cabeça ainda estava na gravidez em si e não no bebê. Eu estava lendo muito mais sobre as mudanças no corpo, os enjôos, o que pode e o que não pode fazer. A ficha ainda não havia caído. Entendi e aceitei a condição de gestante, mas ainda não sabia bem se estava entendendo que iria ser mãe. Ainda não conseguia dizer que amava a criatura que está dentro de mim, apesar de a querer muito. Mas acho que o amor é uma construção. Amor é envolvimento, aos poucos, no mexer, no toque, na voz, no olhar. 

Todas as mães dizem que o filho é sua razão de viver. Mas esse amor é construído a cada dia. É tudo muito estranho, tudo muito novo. Ninguém pode se sentir culpado por não sentir o maior amor do mundo por quem ainda mal chegou em sua vida... Se você está no comecinho da gestação, vale a pena saber disso, saber que "Não, não ache que vai amar seu filho só porque sabe que ele está aí dentro". Hoje eu estou no finalzinho da gravidez. E hoje sinto uma necessidade enorme de protege-lo. É amor. Amor mesmo. Mas sei que isso só vai se intensificar mais tarde. Por enquanto, é tudo muito novo. Envolva-se com as mudanças em seu corpo. O resto vem aos poucos, mais tarde. 

Quase desesperador


"Minha vida está girando em torno de 'o que é que eu vou comer daqui a duas horas?". Foi com essa frase, e aos prantos, que desabafei, numa noite, com meu marido. De repente, eu havia percebido que as minhas grandes preocupações do dia não estavam no trabalho ou em alguma relação familiar, mas em pensar no que eu poderia comer - e que não me enjoaria - na próxima refeição. Isso pode parecer mais fácil quando suas refeições acontecem três vezes por dia, mas a gestação lhe dá uma fome de comer um elefante. E a cada duas horas. E o pior é que, para quem não está vivendo momento igual, isso parece muito bobo. Muito bobo mesmo. Não tente explicar o quanto é doloroso e desesperador. Para os outros, acredite, é bobo.

Outro dia, eu estava assistindo a um filme e eu já havia jantado e feito um lanche pouco depois. Você tem noção do que é preferir não continuar assistindo ao filme e ir dormir para evitar ter fome novamente? Isso porque você já esgotou o estoque de coisas que você teria vontade de comer naquela noite. Vale lembrar que repetir o mesmo lanche uma ou duas horas depois é impossível. Acabo de comer algo delicioso e, na mesma hora, aquele gosto satura. Quando a fome bater, vou ter que pensar em outra coisa. Nessa noite do filme, fui chorando para a cama. Desliguei a televisão e perdi o final do filme. 

Cada mulher tem seus sintomas durante a gravidez. O que ocorre mais intensamente em uma não necessariamente vai acontecer com outra. Minhas irmãs, as grávidas mais próximas a mim, não tiveram grandes problemas com enjôo. Batia a fome, era só assaltar a geladeira. Comigo foi diferente. A fome bate, a geladeira está lá, mas nem tudo agrada. Na verdade, quase nada. Meu pai ofereceu algumas vezes "Quer que eu faça um almoço para você mais tarde?". O problema é não saber, às 10h da manhã, o que se vai querer comer ao meio dia. Uma carne deliciosa que você comeu no dia anterior pode ser repudiante no dia seguinte. Depois do terceiro mês passa. Para mim passou e para a maioria das grávidas passa. Mas até lá é desesperador. Então, pelo menos no meu caso, não dava para planejar nada. Batia a fome, era assaltar a geladeira e torcer para ter lá o que te apetece. Nada? Pegava o carro e saía em busca de outras opções. Feito isso, era esperar o próximo problema. Que seria daqui a duas horas. No máximo.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Não finja que está tudo bem



Jogue suas mãos para o céu se seu marido, companheiro, amigo ou quem estiver ao lado acompanhando sua gravidez for uma pessoa compreensiva e que, por mais que não entenda o que você está passando, te apóie. Eu não tenho do que reclamar nesse aspecto. O pai do meu bebê não só curte a barriguinha crescendo como se esforça para me ajudar em cada drama que passo. Mas nem todos são assim. E se seu companheiro ou quem quer que esteja por perto acha que você está exagerando e que o desejo de comer amora com patê de frango é um capricho, dane-se. Não o seu desejo, mas o seu marido. 

Uma amiga havia me falado sobre isso. "Se você tentar poupá-lo de seus chiliques com vergonha de estar fora do normal, será pior. Sua angústia será maior. Viva o que você tem que viver. Grite quando precisar gritar. Chore quando for necessário". É fato. Extravasar é preciso. Não tente fingir que está tudo bem quando não está. A gravidez muitas vezes obriga a mulher e ter uma postura de felicidade sublime. É como se não fosse moralmente aceito o fato de sentir-se incomodada com essa situação. Pois bem, nem tudo são flores. E se ninguém nunca disse isso a você é pela postura moral de não se sentir à vontade para isso. É ruim. Muito ruim. Claro que, principalmente quando o bebê é planejado, o resultado disso tudo é um amor incondicional. É um preço pequeno por um objetivo maior. Mas dizer que a gravidez é confortável, não é. Há mulheres que não têm fortes sintomas, mas ainda assim tem a questão da barriga, pesando ao fim da gestação. Outras passam os nove meses colocado tudo pra fora. 

Eu já me peguei irritadíssima com a voz do locutor do rádio enquanto eu dirigia. Sabe aquilo de você nem perceber que o rádio estava ligado e, quando percebe, já não suporta mais aquela voz? E, de repente, tudo passa a te irritar no trânsito, porque justamente naquele dia um camarada resolveu andar com o carro na sua frente que nem uma lesma, você pegou todos os semáforos vermelhos e ainda conseguiu entrar na rua errada e pegar um baita engarrafamento! Normal, isso pode acontecer todos os dias, mas quando você está grávida, você junta tudo e diz "Hoje deu tudo errado!!". Aí você chora de raiva dentro do carro, depois chora de cansaço, depois chora de remorso porque sabe que isso vai aperrear seu bebê. Aí você chora mais. E reza para ninguém estar vendo, se não vai dizer que é exagero seu porque está grávida. Dane-se.

Não se sinta envergonhada por não estar totalmente feliz com a situação. Porque, se além de passar por todos esses problemas, você ainda se sentir obrigada a esconder sua irritação para não ouvir das pessoas que isso é um exagero, acredite, você vai explodir. 

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Muita fome e gostos inesperados



A partir de agora, uma nova rotina. Comer verdura na rua sem saber a procedência não pode. Alimentação diet, não pode. Carne vermelhinha, suculenta, também não. Sim, isso dependendo dos exames que certamente seu médico solicitará. Mas, vamos lá. Correr, andar de bicicleta, patins ou cavalo, nada. Aliás nada que tenha muita velocidade e que se corra o risco de cair. Pintar o cabelo, idem (tudo isso, na verdade, varia de acordo com a recomendação de cada médico). Até mesmo produtos de limpeza e cremes para o corpo. Tem coisas que não podem mesmo. E começam a aparecer diversas coisas que não são permitidas por serem um risco à saúde do bebê. Sim, é difícil. E faz parte disso de se estar grávida. Bem-vinda!

Eu devia ter sete semanas quando o café da manhã começou a ficar diferente porque, pela primeira vez na vida, eu não quis tomar leite com achocolatado. Fiz um pouquinho de café e tomei com o leite. O paladar da gestante muda mesmo. Muda pra caramba. O que você adora - como uma sobremesa de chocolate - pode não mais servir em hora alguma. E o que você antes não admirava muito pode passar a ser o prato da sua vida.

Bem, um belo dia, estávamos (eu e meu marido) esperando para fazer uma ultrasonografia quando, quem aparece? A fome!!! Saímos e fomos em uma loja de conveniência. "Uma coxinha de frango com catupiry e um iogurte de mamão", eu pedi. A cara de espanto do pai do meu filho foi ótima. Pois é, gravidez tem dessas coisas. Eu nunca como frituras, ainda mais às oito e meia da manhã e depois de já ter tomado café em casa. Na verdade eu queria um cachorro quente. Até entrar na lanchonete do posto, fui sonhando com o cachorro quente. Dica: não sonhe. Pode não ter o que você quer. E não tinha. Peguei a coxinha e o iogurte de - detalhe, eu nunca havia tomado outro que não fosse de morango - de mamão. Estava uma delícia. 

Sim, também vale lembrar que é nesse momento da vida que você pode enjoar para sempre de determinada comida que gosta. Um dia meu marido fez para o jantar um risoto de funghi maravilhoso. Gostei tanto que pedi para ele fazer novamente e passei o dia inteiro ansiosa para comer o danado do risoto. À noite eu comi. Mas comi tanto e com tanto gosto que no dia seguinte eu não podia me lembrar do sabor daquele prato. Enjoei. Pensei que passaria com o tempo, mas até hoje - longos meses depois - não consigo sentir o cheiro de funghi. Esse já foi. Vou tentar não mais exagerar em outros pratos. Fica a dica. Vai com calma.

É tudo muito estranho mesmo. E acredito que o tal "desejo de grávida" venha daí. Nem toda gestante sente enjôos, mas as que sentem precisam procurar o que conseguem comer. Muitas vezes foi a laranja ou outras frutas cítricas que me ajudaram. E aí, quando bate a fome desesperadora - no próximo post eu falo melhor sobre esse desespero - às vezes só aquela laranja serve. Mesmo que no meio da noite. Desejo de grávida? Pode ser, mas - acredite - isso existe!

sábado, 13 de julho de 2013

Quem está certo?


 Por experiência própria, não divulgue quais os cuidados que você está tendo para manter a gravidez, assim como não revele o que você está ignorando por achar besteira. Cada médico tem suas orientações em relação à gravidez e todas as outras pessoas - família, amigos e demais - também têm suas opiniões. Enquanto alguns dizem que, ao menos nos três primeiros meses, é "perna pra cima e repouso", outros afirmam que gravidez não é doença e quase tudo é permitido. Outro dia, paguei o preço por falar demais. Em um bar, com amigos, comentei com meu marido que eu não deveria ter pedido suco de cajá, porque era uma fruta que poderia não ter sido bem lavada. Bastou. Alguém na mesa se manifestou dizendo que isso não tem nada a ver, que eu estava exagerando etc etc. Sabe o que é pior? Na gravidez você está mais sensível, chora por nada e qualquer coisa te ofende. Preferi respirar fundo e não responder. A amiga percebeu o exagero que fez e veio me pedir desculpas, alegando que também sofreu essas chatices de familiares que a criticavam por alguns exageros. "Eu fiz com você o que tanto reclamei de outras pessoas. Me desculpe".

Ok, amizade reconstruída. Mas ficou a lição. Ninguém pensa exatamente como você e as críticas, sejam por você estar tendo pouco cuidado com o bebê ou tendo cuidado excessivo, sempre vão ocorrer. No inicio da gravidez, meu médico havia liberado as caminhadas, considerando que eu já tinha o costume de fazer exercícios. Para quê fui colocar essa bendita caminhada nas redes sociais? Os comentários foram "Você está louca?", "Antes dos três meses?!", "Seu médico sabe disso?". Também já ouvi críticas quando postei nas redes sociais o quanto uma goma de mascar me serviu para os problemas de enjoo. "Esse chiclete tem aspartame! Você não pode!!". Chega. Você está sensível demais e irritada demais para entrar nessa briga. Não vale a pena. Siga a orientação de seu médico. Só.

Eu resolvi seguir à risca. Pode pintar cabelo? "Olha, não tem nada que comprove que pintar o cabelo prejudica o bebê, mas se seu filho nascer com má formação, você não vai se perdoar, achando que pode ter sido a pintura", disse meu médico. Concordo. Não pintei cabelo, não comi salada na rua, não comi fruta mal lavada, evitei escada e grandes esforços, eliminei a carne mal passada. Exagero? Pode ser. Mas o filho é meu e eu tenho a minha maneira de cuidar dele. E agora também não critico as decisões de outras grávidas. Quer pintar o cabelo? Acha que não tem problema? Eu respeito. Sim, você amadurece nesse sentido, e passa a respeitar as decisões dos outros. Afinal, quem está certo?

domingo, 7 de julho de 2013

Estou grávida. E agora?

Mais uma noite de olhos abertos. Tento dormir no silêncio absoluto, como sempre fiz. não consigo. Leio um livro. Ligo a televisão. Os programas vão terminando e a hora vai passando. Devo tomar logo um remédio?


Quem disse que é sempre uma delícia estar grávida mentiu. As mudanças são bruscas. Você não entende seu corpo, não entende seus gostos. Sim, novos gostos. Vontade desesperada de comer algo que com certeza não vai ter na sua geladeira. Capricho de grávida? Não, nem sempre. São os danados dos hormônios alterados. Fome, sono, cólica, gases, vontade de chorar, enjôo, seios dolorosos. Enfim, é lógico que isso varia de mulher para mulher e tudo o que sua melhor amiga sentiu você pode não sentir. E vice-versa.

Acho que sou aquela grávida que viveu todas as "experiências" da gestação. Todas as dores e as delícias que viram rotina nos nossos longos dias de mãe de primeira viagem. O objetivo desse blog é mostrar como é ser mãe na real. Sem os encantos que toda mãe fala. É mostrar que, mesmo se sentindo linda com um barrigão, ele traz dor nas costas, cansaço e uma indisposição que você não faz ideia. Quando comecei a escrever alguns textos, eu tinha, pelos meus cálculos leigos, seis semanas de gestação. Ainda mais essa, agora contar em semanas. Quem não tem alguém muito próximo que já passou por isso ou ainda não foi ao médico, não dá para entender as contas. Mas, vamos deixar esse assunto para um outro dia.

No início você simplesmente  não entende nada sobre ter um bebê dentro de você. Um embrião, para ser mais exata. Passei muito tempo com a "ficha" enganchada e talvez ela só tenha caído quando a barriga começou a crescer. Verdade, não dá para se cobrar por isso e querer entender que, sim, você está esperando um filho. A gente sempre escuta falar que ser mãe é diferente e só quem é mãe sabe o que é. Verdade. Pode acreditar. Até você pegar o danado do exame positivo, você não vai alcançar o que sente uma mãe e quantas mudanças acontecem a cada dia. Ou melhor, a cada "semana".