quarta-feira, 14 de agosto de 2013

No desespero dele, mantenha a calma



Nenhum bebê vem com manual de instruções e é lógico que, no início, você não faz ideia do que quer dizer cada choro dele. Uma vez minha irmã me disse "É assim mesmo. Eles choram. Choram muito. Às vezes sem parar". Mas do jeito que ele chorou não é possível que seja uma besteira qualquer, ele está é morrendo de dor, você pensa. Isso porque seu filho ficou roxo de tanto chorar e parecia que iria estourar a goela. Mas é assim mesmo. Eles choram. Muito.

É importante nessas horas manter a calma. É difícil, mas é importante mesmo. Quando eu disse - no texto "Nossa primeira prova de fogo" - que eu iria usar a palavra "desespero" para descrever o problema e preferi não usar foi porque de fato não ficamos desesperados. Um choro alto, forte e que não passa é motivo de preocupação, claro. Mas você precisa resolver o problema, e não levar ainda mais estresse ao ambiente. De acordo opinião de pediatras, seja nessa ou em qualquer outra situação, quando os pais mantém a calma, passam segurança para a criança. E isso é imprescindível para ajudar na aceitação daquela situação por parte da criança, que passa a confiar mais nos pais. É como se o bebê pensasse "eles saberão resolver meu problema".

Ontem eu levei meu filho para fazer o teste do pezinho. Se você tem coração mole - digo logo - nem vá. Delegue essa função (de preferêcia ao pai, alguém com quem ele se sinta confortável). A vacina ainda vai. Furam o bichinho mas é jogo rápido. O teste de pezinho não. É uma furada (no pé, imagina a dor) que faz a criança, de cara, gritar de dor. Depois eles ficam espremendo a panturrilha do bebê para continuar sangrando para pingar nas bolinhas demarcadas no papel. "São só doze bolinhas, viu, mãe?", disse a funcionária do laboratório. "Doze?!", não acreditei. Antes de entrarmos, minha irmã ofereceu-se "Quer que eu fique com ele?". Não, eu não queria. Achei importante eu mesma estar ali com ele naquele momento. É a tal confiança que você precisa passar. Seu filho já está se submetendo a um procedimento doloroso, em um ambiente estranho e com pessoas que ele não conhece. É você - ou ao menos o pai da criança - que precisa estar ali junto. Minhas lágrimas caíam de rodo mas eu segurava o rostinho dele e dizia "Calma, meu amor. Vai ficar tudo bem. A tia está fazendo um furinho mas é para o seu bem". 

É completamente normal, para a mãe de primeira viagem, rezar para o filho dormir pelo menos três horas seguidas e depois de duas horas encostar a mão no nariz dele para verificar se está respirando. O medo e a insegurança são sentimentos comuns para quem nunca teve um bebê em casa. Mas isso não pode ser passado a ele. Por mais desesperador que seja o choro da criança, mantenha a calma, até para poder resolver o problema. Procurar ajuda é sempre válido. Como a gente não sabe mesmo se pode ser calor, cansaço ou algo grave mesmo, não custa procurar ajuda do pediatra ou alguém mais experiente da família se você já tentou de tudo e ele não para. 

Essa tranquilidade que você precisa passar ao seu filho é fundamental para ele se sentir seguro e até vir a se acalmar. De acordo com estudos do Centro de Excelência para o Desenvolvimento na Primeira Infância, da universidade de Montreal, no Canadá, quando o bebê está cansado, doente ou inquieto, quando chora ou sente medo, ele quer ser reconfortado pela mãe. É com esse comportamento que você começa a construir um vínculo de confiança. Com essa confiança, seu filho passa a se sentir seguro para explorar seu ambiente e tornar-se independente.

Parece uma bobagem, mas esse vínculo que você começa a construir com seu bebê ainda recém-nascido pode ajudá-lo a enfrentar os desafios da infância, como entrar na creche e fazer novos amigos. Então, quando o seu filhote estiver chorando muito (pois é, bebês choram, choram muito, ficam roxos), não fique aflita, com aquela cara de desespero, entregando ao pai ou dizendo que já não sabe mais o que fazer. Não deixe o ambiente ainda mais conturbado. Procure reconfortá-lo, sendo afetuosa e carinhosa. pegue-o no colo, fale com ele de maneira suave. Se você estiver exausta e quiser chorar, vá para longe do bebê. Ele não sabe como resolver o problema, mas se perceber que sua mãe está ali pertinho, passado segurança, pode acreditar, vocês vão aprender a se comunicar. E além disso, está passando a confiança fundamental para a vida do seu filho.

Um comentário:

  1. Perfeito, Sarinha! Eu tb tenho uma musiquinha que cantava no ouvido de Olívia quando ela tava chorando, bem calma. Ate hoje quando ela cai ou chora por algo, eu a seguro e começo a cantar a música e ela comeca a se acalmar. Ela ainda lembra. Incrível ne? Esse Baby sabe que a Mainha dele o ama muito ja, pode crer! ;)

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