Amamentar é divino. E outras coisas mais

O quarto dia de "mãe" já me deixa um saldo de muita felicidade por curtir meu pequeno, alguma melhora na dor do "pós-cirurgia" e um par de seios maiores, duros e dolorosos. Deve ser coisa que a natureza faz de propósito, para que você reze para seu filho querer mamar outra vez e melhorar a situação do estoque na sua mama. Para quem nunca teve aquela bela comissão de frente, é hora de abusar de blusas que realçam o colo. Pode se amostrar, porque ser mãe na real é isso. Agora a lanchonete do seu filho a deixa mais bonita e se essa é a parte boa dos dois gigantes que você ganhou de presente no seu corpo, abuse.

Como eu falei antes, eu já havia feito curso sobre amamentação. E estou por dentro de todas as técnicas (são técnicas, sim. E que facilitam imensamente a sua vida). Minha irmã, quando vem na minha casa e me vê amamentando, confirma "Ele tem a pegada certinha mesmo! Você não vai ter problemas". Mas ela também sabe que isso não inclui ficar com os seios dolorosos e o bico um pouco rachado. Faz parte. Depois melhora. Quando deixei o hospital, recebi uma pomada e a enfermeira disse "É para quando o mamilo rachar". Eu, toda trabalhada no "não preciso disso", falei "SE rachar, né?". E ela, com um sorrido amarelo de quem pensa "coitada, vou ter que dar esta notícia...", respondeu "Não. Quando rachar. Vai rachar de todo jeito".  É o que estou sentindo agora. Na verdade não rachou ainda, mas meu médico já havia me precavido: "Tem que calejar". Sim, e ainda tem as contrações naturais que você sente no útero quando está amamentando, sabia dessa?

Bem, mesmo assim, ainda compensa a felicidade de estar dando a seu filhote um alimento sem igual e ainda conforta ver o rostinho dele colado no seu peito. Mas se você está grávida, ou pretende isso algum dia, não pense que é só purpurina. Dói.

Uma vez, um amigo me contou que morria de pena quando chegava em casa e a esposa estava chorando, com a criança em seu peito. Ele sabe que não faz ideia do que as mulheres sentem nessa hora, mas lembro do orgulho com o qual ele ficou de sua mulher. De fato, não tem muito o que os homens possam fazer. O meu marido quer ficar se levantando junto a cada mamada no meio da madrugada. Coitado. Quer participar de algum maneira. Quer ser "pai" e só em estar disponível assim, com certeza já está sendo. "Não precisa", eu digo a ele. Prefiro que esteja bem descansado para me dar um help maior durante o dia. 

Bem, a maneira como o casal vai administrar a situação é de cada um. Mas se você não tem em casa alguém que vá ter orgulho de sua força por estar amamentando, orgulhe-se você mesma. É pelo seu filho todo aquele sacrifício. E não que você possa cobrar isso depois. Quando ele estiver na rebeldia da adolescência, se você inventar de vir com aquele discurso "E eu que carreguei você na barriga por nove meses...", vai ouvir dele um "carregou porque quis". E com razão. Não é para cobrar dele que você está aceitando o peso dos seus dois novos seios. Mas pelo amor infinito que você começa a construir. E você vai ver que é amor mesmo. Ou não faria sentido todo o sacrifício. Orgulhe-se. Amamentar dói e a cada dia parece surgir uma novidade neste sentido. Então, vá abusar dos decotes e esqueça a dor que é inevitável.